09 abril, 2006

O porquê das coisas…

No fim da década de 20, mais propriamente no ano de Cristo de 1928, sobe ao poder uma das figuras mais importantes da história portuguesa contemporânea. Essa pessoa era António de Oliveira Salazar... Chegou ao poder para não mais o deixar e operou profundas mudanças na vida do povo luso. Ora como nós somos uma gente porreira deixámos a coisa estar, até porque as sucessivas quedas de presidentes e governos já nos tinham dado um golpe militar nesse mesmo ano e o que a malta quer é paz e sossego, estabilidade política como tantos gostam de dizer. E por lá ficou...
Uma das várias políticas idealizadas, todas elas de um verdadeiro visionário, foi a tão falada história dos três f’s. Esses são: Fado, Futebol e Fátima, pela ordem que mais se desejar, desde que se cumpram religiosamente!
Nos dias que correm temos ainda alguns dos vícios criados para o povo dessa época... O futebol, do qual sou adepto ferrenho mas não vivo em função dele e Fátima. Já o fado anda mal pois a Amália já não anda por cá e as novas não são projectadas da mesma forma nacionalista de outrora. Continuamos a idolatrar os ícones da bola e a fazer a nossa excursãozita a Fátima para lavar a alma dos pecados... Ora, o que foi feito do primeiro f? Esta tão poderosa herança deixada pelo Salazar parece desvanecer-se com o passar dos anos, mas eis que... O fado, como se sabe, é uma melodia tristonha e que na maioria das vezes canta as desgraças. Nada mais típico cá da malta, chorar as desgraças, lamentar a má sorte que se tem na vida e ser incapaz de mudar seja o que for. Afinal o Fado ainda ficou... Aqui está a maior herança deixada pelo Salazar! É ver a malta triste no metro a caminho do trabalho ou de casa, no ecrã da tv quando dá o jornal da noite da TVI cheio de desgraças e injustiças pessoais, no estádio da Luz... (pequena provocação que demonstra que o Futebol e Fado afinal ainda moram cá), etc.. Aliás, diz-se que quando o Benfica ganha a nação fica mais satisfeita, sinal de que os f’s estão bem vivos.

Esta pequena nação que se alimenta de feitos antigos não evolui porque não se dá educação ao povo. Educação não é o bom dia ou boa tarde, mas sim abertura a novas maneiras de pensar e olhar o mundo... Não evoluímos porque os medos ainda cá estão porque nunca nos libertámos deles e não saímos à rua de armas em riste. Faltou-nos uma guerra, com mortos e tudo, para que as pequenas mentes lusas começassem a trabalhar.

É nestas coisas que nós, os pequenos lusos, nos distinguimos do resto da Ibéria. Temos uma memória de elefante... selectiva é claro mas de elefante! Apenas nos fica na lembrança as coisas ruins do passado e que nos fazem tremer de medo de avançar.

1 comentário:

Ana [Lua] disse...

já viste a estória sobre os museus no próximo fim-de-semana?